sábado, abril 01, 2006

Ficção- ano 2016

Deu consigo a recordar o velho mundo que após históricas lutas conquistou o sublime valor que é a liberdade. Enquanto o fumo evolava espiralado do seu cigarro, lia, pensava, criticava, convicto que o valor liberdade adquirido se tornara inalienável.

Hoje está colocado para lá da margem do socialmente correcto.
Tudo começou quando a campanha antitabágica arvorou implacavelmente o estandarte de uma batalha que o deixaria à parte da sociedade. Marginal!
A sua carreira de criminoso havia apenas começado. Não tardaria seria marginalizado por pensar, por ter ideias próprias. A opinião pública standardizada e estupidificada, gerada e moldada pela campanha concertada dos senhores do mundo nomeadamente via audio-visuais, não se compadecia da sua intelectualidade. Marginal!
Ateu? Imperdoável. Marginal!
Profissionalmente não era pago para pensar ou criticar mas para obedecer. O despedimento estava aí, ameaçador... Marginal!
O Grande Simplex vigia-o. Toda a sua vida, todos os seus passos são conhecidos. Escondido em casa fuma, lê e pensa. Para quê?

Saudoso da Guerra Fria, do mundo bipolar, de dois paradigmas.

Zacarias