sábado, julho 14, 2007

Dizia-me ele...

Dizia-me ele, há cerca de dois anos atrás, entre acesas discussões de cariz político:
- Ainda me darás razão, um dia.
Não adivinhei que, afinal, esse dia chegaria e, sobretudo, de forma tão rápida e evidente.
Se, na altura, já desacreditava àcerca da "corja" política, ainda havia algumas referências em termos de ideário e prática que me aproximavam do partido socialista, dentro do leque de opções de voto. Errei e penalizo-me por ter contribuído para esta maioria absoluta que despreza tão ostensivamente os governados.
Hoje, tal como uma substancial parte dos portugueses, vagueio num espaço desértico sem vislumbrar uma fonte onde possa sorver alguma esperança, saudosa do bipolarismo que equilibrou o mundo.
A globalização centrou o espaço de decisão mundial. As práticas obedecem a esse centro, orientadas pelo fim único e supremo de um economicismo frio, alheio aos princípios básicos do humanismo. Tendem a tornar-se práticas transnacionais, limitadas, apenas, quando os orgãos de soberania nacional são condicionados por uma opinião pública esclarecida e pouco manipulável. Uma vaga de práticas de subjugação vai criando um novo tipo de "escravatura" em que as massas são destituídas de liberdades, tornadas amorfas, passivas, como marionetas sem qualidade humana. É neste caminho que nos movemos no Portugal presente e é preciso reagir. As tendências autoritárias são cíclicas na História mas, aquela que hoje nos surpreende e apanha totalmente desprevenidos, é a que ousa camuflar-se sob a capa da democracia.
CB

2 comentários:

Carlos Gil disse...

bem dito, qu'a amargura não se silencia: berra-se!
esta política f-d-p, desumanizada, hipócrita, infiel à sua herança de princípios, deve ser denunciada com coragem e com as letras todas.
justificam as "medidas" com números, argumento hipócrita quando nunca olharam para eles, nunca os eleitos se preocuparam com o futuro daqueles que é suposto serem a sua razão de existência. olha-se o eleitorado como uma manada e contam-se as cabeças, se hoje perco dez amanhã ganho vinte da manada ao lado... fazem campanhas suportados nas siglas e no seu peso psicológico, mas nos discursos ocultam as reais intenções e, assim, supõem-se ganharem legitimidade para esse abuso que é o uso de chicote.
e silencia-se: o 'respeitinho' regressou, afinal só estava adormecido... aqui e ali ouvem-se vozes que o denunciam e os ecos são processos judiciais, coacção intelectual sobre os que ousam fazewr sair o seu protesto além dos resmungos entre-novelas e das mesas de cafés. principalmente quando os que falam não são colegas, são Ninguém ou de sua família. mas o silêncio conformado impera, a amargura transfere-se para sedes menos próprias e as tragédias enchem jornais, esvaziam estádios, amargam o dia-a-dia, há um sentimento nacional de estar-se colectivamente a cumprir pena, sem que déssemos por julgamento e houvesse vez a defesa. eles silvam e mostram unhas, feios, monstros horrendos de pensamento que por grave lapso foi empossado nos sofás de decisão. conduzisem-se assim, vazios de tanto sentimento que faz falta ao mais comezinho cidadão de todos, severos e ríspidos na sua vida familiar, e por certo tinham o repróbio dos 'seus', infelizes sob o peso tirânico de loucos sociais, desapiedados e cegos à infelicidade que causam pelo abuso de poder que praticam, a tirania desapiedade das suas decisões incontestáveis. se calhar até haveria lugar a intervenção social que travasse esse jugo, que é suposto em Sociedade os comportamentos tirânicos serem mais que reprovados: travados e tratados, seja em sofá de falar da vidinha em pequenino ou no duro banco de madeira que irá ouvir do futuro próximo. será o que irá acontecer com este governo de letra pequena, esta opereta de péssimo gosto e actores com cara de parvos e de tontos, albrabões que nem de si mesmo e das mentiras que disseram no dia anterior sabem?
a História não será meiga. esta geração de logros políticos que se julga predestinada, fazendo carreira no sítio errado e delapidando dum País o que lhe restava - a dignidade da solidariedade e o conforto da esperança - e rotulará de forma pouco simpática este bando insano, estes maus contabilistas que antes não souberam passar os cheques do Activo e hoje não vêm nas facturas do Passivo que os números são pessoas. não se corta o trabalho aos sãos e trata-se dos outros porque assim é que é a Humanidade deve funcionar. não se olha um País como um conjunto de números, e atenta-se também a que estes não são todos de pessoas iguais, há muito casas modestas, de unidade, que as dos milhares e dos milhões. este é o tratamento mais suave, o diagnóstico do fôfo divã psiquiátrico que os declare insanos para tratar de mais que uma mercearia. mas falta o outro, que o merecem pois as sevícias praticadas têm doído e muito. o pontapé-no-cu das urnas é pouco, haja quem os devia ter para demiti-los e já pois razões de peso de drama colectivo não faltam, o que duvido que aconteça pois os tiques conhecidos a quem me refiro são iguais, haja memória. sendo 'maioritária' à última contagem, a formação política lesada que se queixe ao Parlamento e, provisoriamente com o cu fora da cadeira que se defenda das acusações que não hão-de faltar - e estou até a olhar para a sua bancada, aos tantos que nunca imaginaram ao que iam quando para lá se candidataram sob bandeira e princípios, uma ideologia, e hoje suspiram por não estarem na Oposição e poderem berrar à vontade o que lhes vai na alma.
mas o compadre de lá pouco diverge, e perante bestas destas qualquer outro faz figura de santo sem ter de se expor muito ou perder sonos sossegados. é como uma orgia donde saímos sempre fornicados e bem fodidos, sem saber bem como é que cá viemos parar e chateados por nos estarem a tirar a tesão, sendo suposto que ela acrescia com boa gestão e carinhos, sensibilidade. outro presidente já tinha dado um murro onde este agita o dedo

CB disse...

Ufff!!!! Já parei pra respirar.
Berremos, então. Pode ser que, se algum dia nos cortarem o pio, sempre possamos jogar à bisca ou jogar tic-tac. Talembras?
"é como uma orgia donde saímos sempre fornicados e bem fodidos"- e o pior é que não gostamos.
Lê a excelência do BB, hoje, no Sorumbático. Perguntou ao Mário Lino: então? o socialismo?- na gaveta-respondeu o ogre sorridente e gozador.
Raios partam estas abéculas.