O dia 11 de Novembro tem um significado muito especial para mim.
É o dia de S. Martinho inscrito no imaginário mítico como simbologia da generosidade e presente no calendário religioso. O santo, pela dádiva da sua capa ao mendigo num dia de frio intenso, recebeu como recompensa divina o calor extemporâneo de um sol estival. Esse verão de S. Martinho agraciou-nos, sem dúvida, hoje, embora um frio de rachar já ameace esta noite. Com castanhas e água-pé, por todo o lado a tradição do magusto cumpre-se, unindo as pessoas em redor das mesas, estimulando a concórdia em agradáveis convívios.
Como factos históricos, temos que foi neste dia, em 1918, que foi assinado o armísticio entre os intervenientes da 1ª Guerra Mundial, pondo fim às hostilidades. É, pois, um dia que marca a paz. Este 11 de Novembro comemora, também, os trinta anos de independência de Angola que hoje, erguendo-se das ruínas de uma guerra trágica, parece ter encontrado a necessária paz para construir um futuro na via para o desenvolvimento.
É, contudo, por outro motivo, que este dia se assume como particularmente significativo em termos pessoais. Ela, a matriarca da família, fazia anos. Aquela mulher firme, lutadora, autónoma, que sempre foi o pilar da família. Aquela que sem rasgados sorrisos, ousava tudo e sabia ver para além do aparente. Só ela, com uma personalidade ímpar, durante a sua vida, conseguiu congregar toda a família. Era neste dia, após a diáspora dos ramos residentes em terras africanas, que todos nos juntávamos num almoço em torno do seu olhar luminoso e determinado. Era? Não. Ainda hoje, já mais de dez anos sobre a sua morte, é o momento em que se perfilam os abraços, o estás mais gorda ou mais magra, o como vai a tua vida, num cenário de reencontros e de conviviabilidade familiar.
É claro que isto não importa a mais ninguém que não a mim. Não podia, contudo, deixar de o registar como homenagem a uma mulher que tanto admirei e que transmitiu para as gerações seguintes um legado de valores e princípios que constituem directrizes na minha vida.
Parabéns avó Maria!
1 comentário:
É bom termos uma referencia assim na família. Há mulheres que são o pilar que mantem unida mais do que uma geração, sendo o exemplo a seguir pelos mais novos. Ela merece por certo tão valioso testemunho. Um beijo duma bisa...th
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