quarta-feira, outubro 25, 2006

O GRÃO DE AREIA


















Este conto, ou talvez não, recdorda-me algo que... bem só pode mesmo acontecer naquelas praias...

O Grão de areia

O grão de areia olhava para o sol e dizia-lhe com carinho:
“Não te deixes intimidar, essa nuvens são marotas, querem tapar-te e molhar-me de seguida... “
O Sol retorquiu, com um riso amarelo....
“Grãozinho não te esqueças, o Verão terminou, e a chuva vem em seu tempo, não temos que temer é assim o destino”
Mas aquele grãozito estava desolado mesmo. Tinha-se afeiçoado àquele casalinho que todas as manhãs e tardes ali se sentavam, junto de si, namorando, rindo, namorando... Os vizinhos coqueiros, espreitavam do alto as malandrices, tentando vislumbrar os gestos de amor arrebatado, em promessas de vida, e até o “carangueijito” tinha perdoado o desassossego da sua casita, pelo enlevo daquele quadro de amor. As ondas no seu vai e vem, queriam a maré alta para chegarem mais perto, e as gaivotas no labor da sobrevivência, esvoaçavam inquietas, também elas mostrando infelicidade.
Todos sentiam, na realidade, a falta daquela manifestação de carinho e amor.
Mas factos são factos, o Verão terminara e um outro ciclo se iniciara, tudo iria ser diferente. Mas o grãozito de areia não se conformava, ele queria saber o resto da estória, se as juras se cumpririam. Ele declarara que a amaria por uma vida, que nada poderia impedi-lo de a fazer feliz, e ela de coração aberto, sorria e aceitava, a jura eterna como certa, e comungava com entusiasmo daquela partilha de união absoluta e indestrutível! Os beijos, umas vezes eram suaves como a brisa que soprava, outros eram arrebatados que faziam vibrar os corpos, numa luta naquela areia, daquela praia mágica, com os corpos fundidos num só, num sopro de vida, ofegante mas, comum. Como acabaria a estória? O Grão de areia não se conformava, mas começava a ficar vencido, os factos não lhe deixavam outra saida.
Como reagiriam às invejas, aos ciumes, aos mal entendidos, às mentiras, às traições, aos desejos, à luta pela sobrevivência? O Sol, qual Rei do Universo, servo maior do Deus da Criação, disse-lhe:
“ ... acorda Grãozito de areia, outro Verão virá e outro casalito ouvirás... e, tudo se repetirá de novo...”
Continua no próximo Verão, se a Vida não destruir o que o Amor contruiu...
Ricky

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo, , como tem verdade e faz pensar.
Jitos menino doce

CB disse...

Muito bonito, Ricky. A minha interpretação da estória, é que seres e elementos da natureza testemunham a efemeridade do amor: o par enlevado que chega no próximo Verão é sempre outro...que por sua vez vai amornando com as frescas brisas outonais. Bjo com um quero mais.