quinta-feira, dezembro 01, 2005

O fiel jardineiro


Ontem fui com a Mi ao cinema.
Já tinha lido o livro: John Le Carré no seu melhor. Ao longo das páginas não precisei de fazer nenhum esforço para que as imagens descritas desfilassem familiares pelos olhos da memória. Enquanto lemos compomos as imagens, obviamente, de acordo com uma realidade reconhecida.
No filme encontrei variações, tendo em conta os grupos étnicos presentes, diversos dos que a minha memória registou através da leitura do livro. Contudo, as paisagens, a vida nas cidades africanas, essas, foram imagens que acorreram de forma mais fidedigna.
Os aviões, que distribuem mantimentos em savanas de fome, idênticos aos que via levantar todos os dias do aeroporto de Luanda, rumo ao um qualquer ponto onde a ajuda humanitária é precisa.

A essência da obra: um laboratório em África, cobaias humanas sob o peso da miséria e das alianças corruptas entre transnacionais farmacêuticas e os poderes nacionais.

Mesmo assim, as cenas finais das crianças que ainda soltam risadas e intentam deixar entretecido com a revolta um muito fino fio de optimismo...

Gostei também da homenagem feita à mulher africana: "ela faz a casa e o homem a guerra" e "Deus criou primeiro o homem mas aperfeiçoou-se à segunda tentativa quando criou a mulher".

PS- A vantagem do livro sobre o filme é que o livro é apreciado e digerido mais lentamente, e exercita mais intensamente a capacidade imaginativa.

1 comentário:

th disse...

Isto sim, é uma crítica para quem digeriu livro e filme. Beijo Mi... th