sexta-feira, agosto 24, 2007
24 de Agosto...
terça-feira, agosto 14, 2007
Te cuida, pá...
Cuida-te, hem?
Adeus, Salomé!
-Não sou capaz-retorqui colocando-me de costas para o carro-Tira tu uma à sorte.
-Tens de ser tu a fazê-lo.- insistiu.
Adeus, minha Salomé!
Adenda-14.30 h: Acabou de morrer em casa nos braços da minha mãe.
sábado, agosto 04, 2007
Em memória do Tico
Matei o Tico. Há uma hora atrás.Ontem, quando cheguei, seriam umas onze da noite, como tantas vezes ele veio receber-me, sequioso pelas palavras de carinho que não lhe negava, nunca. Permiti-lhe roçar-se na minha perna mas como sempre não muito pois, abandonado às doenças (e por elas), o pêlo ralo mostrava a pele em úlceras, quistos, um tumor do tamanho duma bola de ténis numa perna. Essa perna que, hoje, há uma hora e picos atrás, eu pisei com a roda do carro – a mesma que, ontem à noite, eu o vi a cheirar quando fechei a porta para as escadas do prédio? – e parti-lha. O uivo foi terrível, terrível. Foi um choque ouvi-lo, mesmo habituado que estava, estávamos, a ouvi-lo gemer toda a noite à porta da casa ‘da dona’, a que «gosta muito de animais» mas que mal a doença de pele lhe apareceu há uns dois ou três anos atrás pô-lo a viver na rua, provavelmente por cautelar receio dela se transmitir aos restantes animais que mantém, encarcerados, num anexo, onde uivam ao calor horas a fio. O olhar dele, a dor dele. O seu gemer, esse ganir de dor. No banco de trás do carro, olhei-o várias vezes enquanto seguíamos para o veterinário. O gemer lento, sofrido, olhava-me e nem sei se me ouvia, ouvia o meu chorar que não conseguia dissimular nas palavras que lhe dava. O olhar dele, as pupilas quase a desaparecerem e o branco assustador, o ganir lento assustador. Não gemia muito, havia silêncio na dor que se lhe via, havia… resignação, talvez. Chorava noites inteiras, lamentava-se à porta da ‘sua casa’ pelas dores e pelo abandono, acredito.O veterinário disse-me que além da fractura e de tudo o mais à vista haveria provavelmente lesões internas. Houve eutanásia mas não consegui assistir, fiz-lhe uma última festa, um último carinho sem medo de contágios ou do pestilento cheiro de abandonado, e vim cá para fora. Chorei. Sei que hei-de chorar mais quando, estacionando, lembrar-me que nunca mais o verei aproximando-se do carro abanando a cauda, os olhos em mim e o latido de carinho, sempre o roçar tímido e os olhos pedindo uma festa, carinho mútuo que não nos negávamos.
Sinto-me horrível. Não me consola o 'já não sofre mais', não há consolo quando se 'decide' a morte; gostávamos todos do Tico, abandonado por razões cutâneas mas fiel à casa que fora a sua e a cuja porta procurava o alimento que não encontrava nas ruas, carinho. Este sentimento de culpa ficar-me-á perpetuamente, o passeio vazio dele e do seu correr para mim, para 'a festinha', o silêncio que haverá nas noites sem o seu gemer, o seu lamento, irá doer. Lembrá-lo, lembrar-me que fui eu que o matei. Não sei se ele, onde quer que seja o 'céu' dos cães de olhos tristes - que haverá para acreditar-se em repouso aos sofredores -, me perdoará. Sofria muito, mas a morte dói. Muito.
quarta-feira, julho 25, 2007
sábado, julho 21, 2007
António Borges Coelho
António Borges Coelho
Ler aqui
"Saio de casa logo depois do primeiro café do dia (aquele que me sabe melhor e me deixa pronto para tudo), deixo o computador ligado e vou ler os jornais para uma cafetaria onde rezo sempre o texto em que estou a trabalhar, ou seja, as palavras têm de me soar bem ao ouvido. Escrever é no computador, mas rever é no papel. Só o papel me dá a dimensão exacta do que escrevo." (...)
"A História é a minha vida e a história dos homens e do seu tempo é a sua e também a nossa biografia. É apaixonante desvendar factos e figuras... Uma das que mais me marcou foi Espinosa, o filósofo holandês que melhor traduz a ideia do exílio português." (...)
Nem quero acreditar que...
País do esterco...
É uma intelectual, respeito-lhe a postura, e temos em comum a paixão pessoana. Defende, como eu, que a Constituição Iluminista da Nação Portuguesa deve assegurar ao cidadão comum os instrumentos mínimos de instrução pública, que lhe permitam sobreviver na enorme deriva da Aldeia Global. Temos em incomum, e para grande dor minha, e dela, ter sofrido um tumor cerebral, o que poderia ter levado, nas derradeiras instâncias, à morte."(...)
sexta-feira, julho 20, 2007
Chegaram!
"Ai que prazer não cumprir um dever, ter um livro para ler e não o fazer"- Fernando Pessoa
terça-feira, julho 17, 2007
Mar de Sophia
segunda-feira, julho 16, 2007
Ilhas Afortunadas
foto minha
Conta a lenda que o Éden se situava no meio do vasto Atlântico nas míticas ilhas Afortunadas.
Na Mensagem de Fernando Pessoa:
que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos falla,
mas que, se escutamos, cala,
por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
sem saber de ouvir ouvimos,
que ella nos diz a esperança
a que, como uma criança
dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
são terras sem ter logar,
onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando,
cala a voz, e há só o mar.
Povo que lavas no rio...
sábado, julho 14, 2007
Trabalhar até morrer
"Uma professora do 1.º ciclo, em Ovar, vai ter de regressar ao trabalho apesar de lhe ter sido diagnosticado três cancros. A junta médica deu a docente como inapta para o trabalho, mas alguém na Caixa Geral de Aposentações (CGA) riscou o ‘sim’ conferido à incapacidade de exercer as funções e substituiu-o por um 'não', acrescentando que “altero a decisão da junta, claramente houve um engano no auto”. Este é o terceiro caso tornado público de professores gravemente doentes que tiveram de voltar a dar aulas."
Mais um caso. Não paramos de nos espantar e perturbar. Foi posta em funcionamento uma máquina diabólica.
CB
Dizia-me ele...
quinta-feira, julho 12, 2007
Onde pára a cultura humanista do PS?
"(...) A ideia de grupo, o conceito de sociedade, o princípio de comunidade estão cada vez mais problemáticos. E quem nos dirige não dispõe de cultura humanista como componente indispensável à função política. Não têm espírito de missão, e as definições que defendem do corpo social correspondem a construções ideológicas facilmente identificáveis com o que mais extremado existe na Direita."
«Jornal de Negócios» de 6 de Julho de 2007
por Baptista-Bastos
ler todo o excelente artigo no blog sorumbático de onde copiei este excerto
sexta-feira, julho 06, 2007
Amor é...
quarta-feira, julho 04, 2007
Letra Para Um Hino
imagem copiada daqui.
Porque neste Portugal, pouco a pouco amordaçado, é preciso recordar que...
Letra Para Um Hino
É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetecer dizer não grita comigo: Não.
É possível viver de outro modo.
É possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor.
É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar.
Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.
Manuel Alegre, O canto e as armas
poema retirado deste blog
sábado, junho 30, 2007
Ao marinheiro
Quem te ensinou a nadar
Quem te ensinou a nadar
Foi, foi marinheiro.
Foi os peixinhos do mar
Foi, foi marinheiro.
Foi os peixinhos do mar